Arte é um desvio da rota
Oi, gente! Me desculpem por 3 meses de ausência dessa newsletter.
Tardo, mas não falho: eis as Marolinhas de setembro :-)
Aqui eu vou falar sobre os seguintes assuntos:
// ORÁCULO
// Baralho El Cabritón
// Artistas: esquisitos, loucos, incompreendidos, geniais
// Participação na Little House Coletivo
// ORÁCULO
Quem me acompanha nas redes está vendo a série de ilustrações que estou desenvolvendo sob o nome ORÁCULO. A ideia de fazer um baralho divinatório tinha surgido há mais de um ano, e fiquei amadurecendo/enrolando esse projeto na minha cabeça – eu sabia que quando começasse, isto iria me exigir tempo. Neste ano, senti que devia começar, e assim fiz. Idealizei um baralho com arquétipos divertidos, despretensiosos, para brincar com essa nossa (e muito minha) necessidade de encontrar respostas pra tudo. Mas o conteúdo foi rapidamente se transformando num confessionário pessoal. Mal comecei a desenvolver as artes do Oráculo, tive que atravessar um processo de separação na minha vida pessoal. Uma separação amigável, porém não menos dolorosa.
O Oráculo me serviu como uma espécie de catarse das minhas dores, dúvidas, memórias e reflexões. No meio de uma torrente de emoções, tendemos a nos afundar em nossas próprias vivências... e nos esquecemos que vivemos emoções universais. Fui relembrada deste sentido de coletividade várias vezes ao longo do processo.
Recebi mensagens e até alguns depoimentos que me tocaram muito, de pessoas que se identificaram com uma ou outra ilustração, e viram um pouco da sua vida ali.
O Oráculo vai ser um baralho de cerca de 50 cartas, que será produzido e vendido por mim de forma totalmente independente. Este é um projeto longo, demorado; cada carta é um parto para ficar pronta. Por isso, decidi divulgar as cartas conforme são terminadas. A pedidos, disponibilizei as ilustrações que já tenho no formato de prints tamanho A4, à venda em tiragem reduzida e limitada na minha loja virtual.
// Baralho El Cabritón
Fui convidada para ilustrar uma das cartas do baralho da El Cabritón
deste ano! Todo ano a marca lança um baralho ilustrado por 54 artistas diferentes. O projeto já acontece há 8 anos e já participaram mais de 400 artistas brasileiros.
O baralho é de tiragem única e limitada, e está sendo viabilizado via financiamento coletivo no Catarse. Basicamente é TUDO ou NADA: se conseguirmos bater a meta o baralho vira realidade, se não, os apoiadores recebem o dinheiro de volta e o projeto é cancelado.
// Artistas: esquisitos, loucos, incompreendidos, geniais
No dia 11/9 faleceu um artista de quem gosto muito, Daniel Johnston. Compositor, cantor e artista visual, Johnston gravou a maior parte de suas músicas de forma bem simples, usando fitas K7 em casa. Diagnosticado com transtorno bipolar e esquizofrenia, foi internado diversas vezes em instituições psiquiátricas ao longo da sua vida. No começo de sua carreira como artista outsider, distribuía fitas com suas músicas gravadas ao público enquanto trabalhava como funcionário de uma lanchonete do McDonald’s. Aos poucos foi ganhando certa notoriedade no circuito alternativo, mas nunca deixou de ser um artista à margem.
A história de Daniel Johnston me lembra muito um documentário que vi da BBC, chamado Turning The Art World Inside Out, e que está disponível no YouTube. O filme apresenta artistas de várias partes do mundo que trabalham com pintura, desenho, escultura, e que têm uma coisa em comum: são considerados excêntricos, têm problemas de socialização ou distúrbios mentais, e produzem coisas incríveis. É um documentário perturbador e ao mesmo tempo delicado, muito sensível. Recomendo!
Me incomoda muito a forma como certas produções audiovisuais retratam a vida de artistas marginais. Um bom exemplo disso é o filme Loving Vincent. Pra mim, a romantização da vida de um pintor que sofria com distúrbios mentais, isolamento social, problemas financeiros e que não recebeu reconhecimento por sua obra em vida é um desserviço. A dor, o isolamento e a inadequação fazem parte daquele contexto artístico. Inventar um final feliz para uma história trágica é, na minha opinião, infantilizar a complexidade daquela vivência.
// Participação na Little House Coletivo
Agora tenho um ponto de venda na Vila Madalena, em São Paulo :)
Estou participando da Little House Coletivo, uma loja colaborativa de marcas autorais. No espaço estão disponíveis meus pins metálicos e algumas prints.
A loja fica na Rua Girassol, 602, Vila Madalena, e funciona de segunda a sexta, das 10h às 19h; e aos sábados, das 11h às 16h.
É isto.
Beijo pra quem é de beijo,
abraço pra quem é de abraço,
lari.