Uma questão de gênero
Nessa terceira newsletter eu vou falar sobre os seguintes assuntos:
// Ilustrações para o Projeto Celina
// Printa-Feira em São Paulo
// Risografia "Ingovernáveis"
// Quando mulheres resolvem falar sobre menstruação
// Ilustrações para o Projeto Celina
No final de fevereiro comecei a trabalhar como ilustradora do Projeto Celina, uma nova plataforma de debates e reportagens sobre as questões de mulheres, gênero e diversidade, lançada dia 8 de março pelo Jornal O Globo. Quem inspirou o nome do projeto foi Celina Guimarães Viana, a primeira mulher a exercer o direito ao voto no Brasil, em 1928.
A proposta gráfica do projeto é explorar interferências com ilustrações e grafismos sobre fotos relacionadas às matérias publicadas. A paleta de cores se resume ao branco, preto e lilás (cor que simboliza o movimento feminista).
O projeto Celina foi capa da edição do jornal no dia de seu lançamento. Nunca imaginei que uma arte minha poderia vir estampada na primeira página de um jornal de grande porte, distribuído em todo país.
Ao longo dos próximos 2 meses irei desenvolver mais ilustrações para o projeto Celina, e algumas delas serão veiculadas no jornal impresso. Vou divulgar o que for publicado aos poucos nas redes sociais.
//// Importante: durante o período que estarei neste trabalho, as vendas realizadas na minha loja virtual serão postadas nos Correios somente aos sábados.
// Printa-Feira em São Paulo
No final de março estarei em São Paulo participando da Printa-feira no Sesc 24 de Maio! O evento, promovido pela Lote 42, propõe aproximar o público das técnicas de impressão e dos processos criativos dos artistas, tendo como tema principal a xilogravura. Além da feira com exposição e venda de nossos trabalhos, também terão oficinas e rodas de conversa. Todas atividades serão gratuitas .
A Printa-feira vai acontecer nos dias 23 e 24/03 (sábado e domingo), das 11h às 18h, no Sesc 24 de Maio (Rua 24 de Maio, nº 109 - República).
Vou aproveitar a ocasião e fazer um saldão de pins com pequenos defeitos. São peças que não passaram pelo meu controle de qualidade e não são vendidas na lojinha virtual. Elas estarão à venda durante a feira por R$12 cada (o pin em perfeito estado custa R$25). São poucas unidades!
// Risografia "Ingovernáveis"
Lancei há pouco tempo uma ilustração nova: Ingovernáveis, impressa em risografia pela Risotrip. Usei três cores nesta impressão: amarelo, preto e rosa fluorescente. Todas as outras nuances são resultado das sobreposições destas três tintas.
Eu gosto muito de imprimir em risografia e explorar a transparência das tintas. É uma técnica de impressão que fica entre o mecânico e o artesanal; mecânico porque se utiliza uma máquina impressora, originalmente criada para servir de copiadora. E artesanal porque as retículas e os registros das impressões são ajustados conforme cada arte pelo impressor. As impressões, feitas em pequenas tiragens, ficam com algumas variações entre si, pois cada cor a ser impressa significa uma passagem do papel pela máquina.
Os possíveis erros de registro na soma das cores acabam se transformando numa característica interessante do processo.
// Quando mulheres resolvem falar sobre menstruação
Há alguns dias assisti a um documentário curtinho chamado “Period. End of Sentence” dirigido pela cineasta Rayka Zehtabchi. A menstruação é uma pauta comum nas discussões feministas, mas dentro do nosso universo ocidental, brasileiro, urbano e classe média, o assunto geralmente gira em torno de: desmistificar o nojo associado ao sangue menstrual, alternativas aos absorventes industriais comuns, reconexão da mulher com seus ciclos naturais, etc. O curta-metragem mostra que, em algumas regiões do mundo, o buraco é bem mais embaixo. Rayka explora a realidade de uma comunidade muito pobre na Índia onde a maioria das mulheres simplesmente não tem acesso a absorventes e usam trapos improvisados para tentar conter o fluxo. E não conseguem. Por conta disso, muitas deixam de estudar, de trabalhar, perdendo suas autonomias e limitando-se ao universo doméstico.
Eis que surge a iniciativa de construir uma máquina simples na comunidade que produz absorventes a baixo custo. E cuja linha de produção emprega mulheres da região para fabricar os itens. Estas mulheres têm a oportunidade de trabalhar e ter seu próprio dinheiro pela primeira vez na vida.
Simplesmente assista. É um documentário curto e poderoso. E tem na Netflix!
É isto, gente.
Um abraço,
lari.