Preciso de ajuda para algo específico. Mas, antes, preciso explicar o que está acontecendo há mais de um ano, de uma forma bem clara e franca.
Você trabalha em editora ou tem contatos que trabalhem? Por favor, me leia e veja se pode me ajudar.
Não conhece ninguém do mercado editorial? Não tem problema, me leia e veja se, mesmo assim, consegue me ajudar — nem que seja uma ideia, um link, um pitaco.
A maioria das pessoas que acompanha meu trabalho conhece o projeto do Baralho Oráculo. Esta publicação foi um marco na minha carreira, uma espécie de salto de fé que deu, sim, muito certo. Tão certo que as mil caixas que produzi, lá em 2021 — de forma totalmente independente — estão esgotadas desde 2024.
Pra quem não conhece esse projeto, vou dar um breve resumo:
A história de um baralho chamado ORÁCULO
Em 2019 fui tomada pelo desejo de criar um baralho ilustrado. Na época, ainda estava aprendendo a ler tarot e não me sentia apta a fazer um deck com significados e simbolismos próprios antes de dominá-los. A partir daí, tive a ideia de fazer um baralho de narrativa livre, que eu mesma inventasse — um baralho que não precisasse de conhecimento prévio de leitura, pois cada carta teria uma frase curta e objetiva que resumisse seu significado.
Foi a partir desta premissa que comecei o projeto. Defini uma estrutura de layout e paleta de cores. O resto — a viabilização financeira e produção gráfica do baralho — eu não fazia a menor ideia de como iria resolver.
Entre 2019 e 2021, ilustrei as cartas do baralho que chamei de ORÁCULO, e fui postando no meu Instagram conforme terminava cada arte. Eu decidi fazer um baralho de 50 cartas ilustradas e, lá pela quadragésima lâmina, fui pesquisar pelos custos de produção. Afinal, quanto custa produzir um baralho em gráfica offset, acondicionado em uma caixa simples e bonita?
Foi então que eu soube: é bastante dinheiro.
Após algumas pesquisas por fornecedores, contactei uma gráfica por indicação de outra artista, cujo orçamento para produzir o projeto era de vinte e quatro mil reais. Dentre os custos levantados na época, esta opção foi a mais viável.
Com este orçamento em mãos, decidi tentar arrecadar o dinheiro fazendo uma pré-venda direcionada ao público que manifestou interesse em comprá-lo.
Daí começou a saga…
A prova de resistência: fazer uma campanha de Financiamento Coletivo sozinha
Eu precisava de vinte e quatro mil reais para a produção, incluindo a caixa, o acondicionamento das cartas na ordem correta em cada conjunto e um lacre plastificado para mantê-las protegidas.
O valor estimado custearia tudo isto. Daí, eu precisava arrecadar este dinheiro — ou, pelo menos, grande parte dele.
Foi então que eu criei uma campanha no Catarse, e isso envolveu:
Definição de estimativa de custos (considerando a produção do baralho, as embalagens necessárias para enviá-lo pelos Correios, os custos de envio e gastos com recompensas extras que ofereci aos apoiadores);
Planejamento da divulgação da campanha, que envolveu minhas redes sociais em várias etapas;
Estimativa de tempo necessário que eu estaria envolvida nas embalagens e envios dos baralhos vendidos caso a campanha fosse bem-sucedida;
Criação dos textos explicativos e imagens para a página da campanha.
Foi muito trabalho (e era só o começo)! Felizmente, a campanha foi um sucesso e eu consegui arrecadar todo o valor necessário para a produção.
Agora, eu precisava:
Gerenciar a produção do baralho com a gráfica contratada;
Gerenciar o estoque do baralho (eram MIL CAIXAS espalhadas no meu apartamento, isso é uma QUESTÃO!);
Embalar os baralhos vendidos na pré-venda;
Verificar inconsistências (e corrigi-las) nos endereços fornecidos pelos compradores para os envios;
Etiquetar os pacotes com as informações de cada comprador;
Postá-los nos Correios;
Acompanhar eventuais atrasos e sanar problemas de envio junto aos Correios.
Eu levei muito mais tempo nesta segunda parte do que imaginei. Por alguns meses, parei de ser artista visual, e fui somente produtora gráfica, estoquista, SAC, empacotadora, vendedora.
Foi EXCELENTE conseguir fazer com que este baralho existisse, mas me dei conta, NA PRÁTICA, da quantidade de tempo e energia que eram necessários para executar todo o resto.
O período de colheita: Os anos de venda

As caixas remanescentes que produzi com o financiamento coletivo foram vendidas por mim entre 2022 e o início de 2024. Meu investimento em divulgação foi baixíssimo. Sinceramente, eu nem precisava divulgar muito o Baralho ORÁCULO — ele se vendia por si só, organicamente: na minha loja virtual, nas feiras, em lojas físicas. Ele era um sucesso de vendas. Quem comprava voltava pra comprar outro pra dar de presente. A divulgação espontânea era constante! O Baralho acabou se tornando a minha maior fonte de renda na época, tanto nas vendas diretas quanto nos trabalhos e freelas que eu era convidada a fazer como ilustradora por conta deste projeto.
Foi um período excelente na minha vida profissional. Mas meu estoque de baralhos estava chegando ao fim.
2024: Limites e tentativas frustradas
Em 2024, eu senti novamente a necessidade de criar um projeto novo. Afinal, sou artista: fiquei muito feliz com o retorno do Baralho Oráculo, mas eu precisava INVENTAR OUTRA COISA.
Após 4 anos estudando tarot, finalmente me senti pronta para criar o meu próprio. Com a minha experiência adquirida em criar, produzir e vender um baralho ilustrado sozinha, eu já sabia de antemão a trabalheira que dá.
Enquanto eu havia decidido que iria começar um novo baralho ilustrado, vendi minhas últimas caixas do ORÁCULO.
Foi então que me vi sem a minha principal fonte de renda.
Por quê você não faz um novo financiamento do ORÁCULO? — ouvi essa pergunta repetidas vezes.
Se eu emendasse em uma nova campanha de financiamento coletivo para produzir uma segunda edição do ORÁCULO, eu seria sugada por mais alguns anos nas funções de produtora gráfica, estoquista, SAC, empacotadora, vendedora, cujo esforço já expliquei acima.
E eu queria voltar ao cerne do meu trabalho: desenhar, criar, parir um novo projeto.
Meu tempo é curto. Minha vitalidade tem limites. E o dia ainda tem, e sempre terá, vinte e quatro horas. É humanamente impossível viabilizar um financiamento coletivo daqueles SOZINHA ao mesmo tempo em que eu crio do zero um outro baralho autoral, desta vez de 78 cartas — além das minhas tarefas domésticas, vida pessoal e sono minimamente saudáveis e satisfatórios.
Cheguei à conclusão de que, para viabilizar uma segunda edição do Baralho ORÁCULO, eu precisava de uma EDITORA que topasse apostar no projeto comigo. Desta forma, eu não teria que estar envolvida integralmente em tantas etapas de execução, gerenciamento e vendas.
E foi este o plano que tracei em 2024.
Formatei uma apresentação editorial com as fotos que produzi do baralho junto com os números e histórico de venda — tudo bem organizado para apresentar o projeto.
Com esta apresentação em mãos, comecei a prospectar algumas editoras cujo catálogo tivesse alguma afinidade com baralhos ilustrados.
A maioria nem responde. Daí você espera uns meses, envia outro e-mail, se apresenta novamente, e reenvia a apresentação do seu projeto. Novamente, nada.
Poucas respondem, agradecem o envio do material, mas sem nenhuma resposta conclusiva.
Em paralelo aos meses de tentativas frustradas, eu ia tocando meu projeto novo — o baralho de Tarot cujo processo criativo está todo documentado aqui.
A criação deste baralho novo tem me ajudado a sustentar emocionalmente as tentativas frustradas de viabilizar a reedição do Baralho ORÁCULO. Confesso que, às vezes, dá vontade de congelar o projeto da reedição por tempo indeterminado e só fazer o que eu estou com tesão de fazer agora: desenhar o Tarot!
Mas a vida urge, as contas chegam e o ORÁCULO precisa, sim voltar ao mercado.
No final de 2024, apareceu uma oportunidade: uma editora manifestou interesse em lançar meu baralho. Fizemos uma reunião, conversamos, trocamos alguns e-mails para ajustar detalhes. Chegamos até à etapa da formatação do contrato.
Quase assinei.
Quase, porque mudaram o nome do baralho sem me comunicar. O novo nome estava nas letras miúdas do documento. Me enviaram o contrato sem mencionar este detalhe.
De fato, na reunião que fizemos antes da formatação do contrato me foi questionado o nome do baralho — e perguntaram se eu poderia trocar. Eu disse que estava aberta a alterações (apesar de adorar o nome metalinguístico do Baralho ORÁCULO).
Me coloquei aberta a mudanças, pensando que eu seria, no mínimo, envolvida na escolha do novo nome: afinal, eu sou a autora do projeto.
Ao receber o contrato, questionei o novo nome que deram ao meu baralho sem me consultar. Me perguntaram seu eu tinha alguma outra sugestão. Repassei algumas opções, e todas foram rejeitadas. O último e-mail que recebi na minha tentativa de negociação foi irredutível: para que o projeto seja publicado por nós, o título deve ser este que escolhemos.
Não houve nenhuma margem para negociação com relação ao novo nome do Baralho ORÁCULO. Tamanha inflexibilidade com a autora do projeto, antes mesmo de assinarmos o contrato. Com que respeito eu seria tratada pela empresa depois do contrato assinado?
Era um contrato de licenciamento de direitos de venda relativamente longo, que duraria cinco anos. Outras cláusulas previam o direito da editora de alterar quaisquer outros detalhes do projeto, e que tais alterações seriam comunicadas à autora. Porém, eu tive uma amostra de como estas comunicações de mudanças poderiam ser feitas — e como minha opinião sobre o meu próprio projeto seria valorizada.
Desisti do contrato. Eu precisava de uma editora, mas deveria haver respeito na nossa relação.
2025: O ano da reviravolta
Eu estava bem apreensiva com o que seria possível materializar em 2025.
Custo de vida elevado, pessoas sem dinheiro, alcances orgânicos nas redes sociais despencando… o mercado editorial não estaria fora dessa. Mesmo cansada, continuei tentando e prospectando editoras.
Através de uma amiga, consegui que minha proposta editorial do ORÁCULO chegasse a uma editora. Por coincidência, ela me encontrou num evento que participei neste ano e pudemos conversar.
Ela me disse que gostou muito do projeto, mas que sua editora não estava investindo em novos títulos. E me deu um conselho: se você já produziu ele de forma independente, porque não tenta de novo? Seu retorno financeiro será muito maior do que se publicada através de uma editora.
Eu já estava ciente do que o mercado editorial brasileiro costuma pagar aos autores. Realmente, fazendo o financiamento coletivo, o lucro das vendas fica (quase) inteiramente comigo. É uma diferença brutal, porque é uma mecânica sem tantos atravessadores.
Por outro lado, produzir sozinha é todo um esforço físico e mental que ficaria sobre as minhas costas, cujas dificuldades já expliquei acima.
Além disso, em 2025 veio a reviravolta mais marcante, e que, naquela conversa com a editora, eu ainda não estava pronta para falar:
Estou grávida. Encarar uma segunda campanha de financiamento coletivo durante uma gestação e um puerpério está fora de questão por aqui. Nem preciso dizer que, além do espaço físico que teremos que rearranjar, eu e meu marido, no nosso apartamento para receber o bebê, existe todo um espaço mental e emocional sendo trabalhado em nós.
Agora eu tenho duas opções: congelo a segunda edição do Baralho ORÁCULO por tempo indeterminado ou TENTO OUTRA VEZ.
Eu acredito muito neste projeto, não só pelo resultado comercial dele — os retornos positivos que recebo até hoje ultrapassam qualquer métrica. Só me faltam os meios para relançá-lo. Resolvi dar este SALTO DE FÉ NO COSMOS COM JOEALHADA CARPADA pra ver se este pedido chega em alguma Editora que se interesse em publicá-lo!
A apresentação com a proposta editorial está disponível neste link. Podem enviar por e-mail, compartilhar, indicar. Achei que era melhor deixar tudo às claras e fazer uma espécie de exposed de mim mesma, das dificuldades do processo, das minhas limitações e, de quebra, anunciar minha gravidez de uma forma… não muito convencional.
A vida é assim, tudo junto e misturado. Eu tenho um sonho de relançar o ORÁCULO, e este sonho está atrelado a este corpo físico, inscrito no tempo-espaço e que, agora, está empenhado em gerar uma nova vida.
Não dá pra eu fazer tudo sozinha. Então, joguei pro universo.
Preciso de uma editora. Alguém pode me ajudar?
✤✤✤
Obrigada por me lerem até aqui!
E, se quiserem me ajudar de outra forma, que tal comprar alguma peça na minha loja virtual?
Um abraço esperançoso,
lari.
Eu fui uma dessas que comprou o Oráculo pra mim e voltei pra comprar outros de presente! Ah, e adorei saber mais sobre os bastidores de produção, é algo sobre o qual sempre fico curiosa.
Desejo tudo de maravilhoso pra você nesses próximos ciclos de gestação e criação 🤍
Que bom!! Um bébé! Parabéns, e bem-vinda a esta aventura maravilhosa da maternidade. Espero que encontres uma editora em breve, ainda mantenho que adorava comprar esse baralho aqui do outro lado do oceano! A torcer para que dê tudo certo (vai dar ❤️🤞🏽)