Todo dia é Black Friday na barraca de livros usados
A delícia de encontrar o que você não estava procurando.
Oi, pessoal! Espero que estejam bem por aí.
Esta newsletter vai ser, em comparação com a média publicada por aqui, bem mais curta ;-)
E o assunto primeiro e principal é um rápido anúncio:
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MOTIM NO MUSEU
Dias 30 de Novembro e 1º de Dezembro estarei de volta a Brasília, participando de mais uma edição da Feira Colaborativa de Arte Impressa MOTIM ( @edicoesmotim ), com o detalhe mais que especial: dentro do Museu Nacional da República. A edição ocorrida no ano passado foi a primeira ocupação do MOTIM dentro do espaço. Esta foi uma experiência marcante e inesquecível: museu cheio, muita troca e coisas lindas.
Guardo com carinho a memória da edição do Motim no Museu de 2023. Agora é a vez da edição de 2024. Quem vem?
MOTIM NO MUSEU
30 DE NOVEMBRO E 1º DE DEZEMBRO DE 2024
MUSEU NACIONAL DA REPÚBLICA | BRASÍLIA - DF
* horário ainda será confirmado e divulgado nas redes sociais do MOTIM.
Por conta da viagem, as compras realizadas na minha loja virtual nesta semana serão postadas somente a partir do dia 03/12, quando estarei de volta.
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Todo dia é Black Friday na barraca de livros usados
Na última semana, a caminho de um compromisso, passei pela barraca de livros usados que fica atrás da estação de metrô do Largo do Machado. Contextualizando para quem não tem a referência: o Largo do Machado fica no Rio de Janeiro, cidade onde eu moro.
Já falei algumas vezes aqui da minha baixa resistência a comprar livros. Compro mais do que consigo ler, apesar de ler muito. Tendo consciência disso, neste ano defini limites de consumo para mim mesma. Vou ler o que já tenho nas estantes, que já é muita coisa.
Mas daí eu passei pela barraca de livros do Largo do Machado.
Eu estava adiantada para uma consulta previamente agendada. Chegar antes da hora marcada pode ser um incômodo para quem te recebe. Então, por que não fazer uma hora e dar uma olhadinha sem compromisso *cof, cof* nos livros expostos na barraca?
Lá encontrei, em destaque numa das prateleiras, o livro Contos de Imaginação e Mistério, de Edgar Allan Poe, ilustrado por Harry Clarke, numa edição que eu não conhecia. Grifando aqui: uma edição ricamente ilustrada.
Sim, eu sou leitora, mas também sou ilustradora, então se o objeto-livro reunir belamente as duas coisas (um autor que gosto muito com um ilustrador incrível), bem, aí a manteiga derrete meeeeeesmo.
Estado geral: livro usado. Páginas amareladas e com manchas do tempo, bem empoeiradinho. Porém, sem nenhum grifo, nenhum rasgo, nenhum amassado. Preço: trinta reais.
Quebrei minha promessa de jejum consumista literário com gosto, com prazer, e sem nenhum arrependimento. Cheguei em casa e dei um banho de princesa no bichim.
Olha ele aqui, já limpinho:
Escrevo essa newsletter no período de Black Friday, momento do ano em que os grandes varejistas ficam alvoroçados e os anúncios de descontos oferecidos aparecem para nós a toda hora, insistentes e pesados, nas telas dos nossos computadores e celulares.
Enquanto isso, uma breve caminhada na rua em dia e local fora do meu costume me oferece uma surpresa gostosa, no sentido de encontrar ao vivo algo de valor por um preço muito baixo. “Surpresa” não é bem o termo mais adequado; desde o início dos anos 2000, período em que cursei a faculdade, eu adquiri o hábito de frequentar os sebos e barracas de livros usados do centro da cidade e arredores. Eu já sabia que se encontravam pérolas a baixo custo nestes lugares. Só eram preciso três coisas: pouco dinheiro, paciência para fuçar as prateleiras e disposição para limpar o livro depois.
Algumas pessoas têm nojinho de livros usados. Tudo bem, eu respeito. Dá cá pra mim então que eu fico com eles, limpo bonitinho, deixo jeitosinho e depois leio. :)
Não estou dizendo que sou contra compras online. Sou super adepta do hábito, é prático e ao alcance de um clique e, PASMEM: tenho até uma loja virtual, rs! Entretanto, é inegável que existe uma larga diferença na experiência virtual de comprar um livro no site de um grande varejista e a experiência material de encontrá-lo, andando ao acaso, numa barraquinha localizada no meio da rua, num dia nublado, vê-lo de longe, se surpreender à primeira vista com a descoberta, se aproximar aos pouquinhos, pegá-lo nas mãos, apalpá-lo, folheá-lo, descobri-lo em toda sua concretude e materialidade para, enfim, decidir comprá-lo.
Esse episódio me lembrou de quando eu flanava pelos sebos de livros usados no Rio de Janeiro, sem pressa, sem nojinho, mas com muita abertura para receber o que eu não poderia prever: livros que eu nem sabia que existiam sendo vendidos a preços muito convidativos.
Nestes anos que antecederam a entrada da Amazon no comércio eletrônico brasileiro, grande parte dos livros que comprei e li vieram de estantes empoeiradas ou barraquinhas improvisadas no meio da rua.
O ano agora é 2024; a Amazon está aí, fortíssima, e eu seria muito hipócrita em dizer que não faço compras nela.
Mas o objeto-livro existe e resiste para além dos estoques virtuais disponíveis a um clique, ocupando espaços reais — barracas, lojas físicas, feiras! — e possibilitando surpresas gostosas e desvios de rota. Cá entre nós: pode ser bom encontrar o que você não estava procurando.
Aliás: todo dia é Black Friday na barraca de livros usados.
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Obrigada por me lerem até aqui.
Vou gostar demais da visita de vocês na minha mesa do Motim.
Um abraço,
lari.
HAHAHHAh !
Ri muito com o titulo da newsletter!
Esses dias brinquei com um amigo sobre o black friday e a frase de Julius (Todo mundo odeia o Chris) que è: "Se eu comprar hoje consigo um bom desconto. Se eu não comprar nada, o desconto é bem maior."
Essa newletter caiu como uma luva!
Fiquei curiosa: como é o seu processo de limpeza depois de encontrar a pérola?