Após a alteridade das cartas de número 2 que propõem pequenos obstáculos ou o encontro com o outro, chegamos no número 3. Pense num triângulo — de preferência, equilátero: este é o polígono mais simples, pois é formado pelo menor número possível de lados. Sua simplicidade na forma não reduz sua capacidade estrutural, pelo contrário: o triângulo é considerado o polígono mais resistente de todos, pois distribui forças de forma uniforme sem sofrer deformações.
Eu diria que o número três — a trindade — simboliza estar de acordo com a impermanência natural do universo, se desenvolvendo conforme o fluxo da vida; não há freios nem forçação de barra. O crescimento é natural e desimpedido. Com exceção do naipe de Espadas (mais tarde falaremos deste caso específico), os Arcanos de número 3 seguem seus percursos com grande possibilidade de expansão.
Três é terreno fértil e adubadíssimo, é só plantar suas sementinhas e observar. ;-)
Neste texto, falarei de duas cartas: o Três de Ouros e o Três de Paus. Ambas apontam ações consistentes que podem gerar muitos recursos, benefícios e riquezas. Porém, cada naipe desenvolve esta capacidade criativa a partir de um conceito próprio.
Antes de entrar em cada Arcano, vamos pensar nas similaridades entre estas cartas.
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Uma intenção que já saiu do papel
Já falamos dos Ases do tarot como as sementes que reunem todo o potencial de seus elementos dentro de si.
Porém, enquanto sementes, os Ases de cada Naipe ainda são o primeiro momento, ideia, possibilidade inicial ainda sem contornos definidos. Caso não se faça nada a respeito, a potência do Ás se perde; sem trabalho e dedicação, nenhum projeto vinga. Semente que não é cultivada é árvore perdida.
Os Arcanos de número 3, por sua vez, apontam para uma ação já iniciada: as primeiras etapas do projeto já foram executadas. As primeiras dúvidas, confrontos ou obstáculos já foram enfrentados nos Arcanos de número 2. Alguns esboços já foram definidos, planilhas já foram montadas, tarefas foram designadas. Aqui é o momento onde o trabalho prático começa a se desenvolver, com grande potencial de florescimento.
Tendo estas informações em mente, vamos entrar nas especificidades dos naipes de Ouros e Paus manifestadas nas cartas de número 3.
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O Três de Ouros
Sonho que se sonha junto é REALIDADE; como viabilizamos o que queremos NA PRÁTICA? É um desperdício deixar tantas boas ideias morrerem no campo do nunca-concretizado. O Três de Ouros convoca para a ação bem planejada — rascunho que vira projeto, que demanda proposta, apresentação e cronograma bem fundamentados. A ideia é semente cultivada. Broto de planta que promete bons resultados.
Neste Arcano, trabalhamos melhor em EQUIPE, combinando forças, experiências e saberes. Diferentes perspectivas, quando reunidas, são capazes de identificar os pontos cegos de cada indivíduo. Sem disputa de egos: cada membro tem seu valor. Tudo é discutido e argumentado de forma direta e construtiva. Estamos num conjunto equilibrado e harmônico com um objetivo muito claro: aquilo que podemos fazer de MELHOR é resultado da soma dos talentos de cada um de nós.
O que se faz nos bastidores, dentro dos ateliês ou nas salas de aula é valioso: construções de saber a longo prazo. São as bases bem estruturadas que são projetadas aqui. Sobre esta fundação, qualquer edifício sólido poderá ser levantado. O projeto desenvolvido no Três de Ouros pode estar ainda muito longe da apreciação pública, mas vale a provocação: há muita vida crescendo por detrás dos palcos.
O compromisso estabelecido neste cenário valoriza o resultado. Esforço bem direcionado, um passo de cada vez. E todo dia, diligentemente, damos ao menos uma passada. Produtividade e dedicação exercidas em continuidade. A rotina não é sua inimiga — ela é a base que sustenta seu aperfeiçoamento.
O Três de Ouros abre caminhos para novos contratos: a colaboração com os outros te permite expandir para além dos limites de si mesmo. Há chances de ganhos palpáveis, mas é preciso investir: estudando, ouvindo críticas e implementando melhorias, num sistema colaborativo em constante aprendizado.
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O Três de Paus
Quem me vê aqui não faz ideia da caminhada que me trouxe; grandes esforços, persistência e trabalho honesto foram o meu veículo de superação. Estava perdida, recalculando rotas — não mais! Encontrei uma clareira, segui o caminho, alcancei o TOPO. Agora sim, tenho visão desobstruída e privilegiada. De onde me encontro, posso enxergar muito longe. Visualizo, prevejo, traço metas e planos.
A amplitude de visão do Três de Paus me leva a desejos ousados: quero conquistar espaços. Quanto mais, melhor. Tenho poder de ação, tenho influência, tenho gana. Vejo, quero, posso — AJO. Vou buscar o que é meu.
Nutro minha chama de OTIMISMO: confio no futuro. Aposto longe. E, pra sustentar tudo isso, confio sobretudo EM MIM MESMA.
Autoestima lá em cima que periga virar presunção. Qual a medida do orgulho para não entornar o caldo? Quando se está no topo, a cilada é acreditar que se tem a mesma altura da montanha escalada. Confundem-se as métricas, embaralham-se as dimensões. Me vejo imensa, me torno egocêntrica. Inflada e inflamada, quero contaminar tudo ao meu redor com os MEUS valores.
Me expando, domino, contagio. Trago novas tendências e ideias apaixonadas. Carrego uma chama cuja natureza é se espalhar. Porém, atenção… estamos lidando com conteúdo altamente inflamável. Uma faísca num Três de Paus tem grande potencial de explosão. Ou, ainda: viralizar. Grandes epidemias que arrebatam coletivamente. Doenças que se espalham — pelo corpo ou pelo espírito. Discursos que fazem cabeças. Exercícios de possessão coletiva.
Do alto deste cume, sinto um imensa potência de ação e conquista. O resultado? Depende. Me dê poder e saberemos quem eu sou de fato.
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A diferença fundamental
Durante algum tempo tive dificuldade em apontar a diferença fundamental entre os Arcanos Três de Ouros e Três de Paus. Afinal, ambos falam de projetos em desenvolvimento com grande potencial de expansão. Então, qual a particularidade que define e separa os Arcanos?
A base fundamental do Três de Ouros é a colaboração entre pessoas para alcançar uma meta em comum. É trabalho em equipe, é receber ajuda qualificada, é trocar opiniões, informações, saberes, dados. Não se faz nada sozinho no Três de Ouros.
Já o Três de Paus não demanda um trabalho feito em equipe, e sim uma vontade genuína de alcançar novos horizontes — e que pode partir de um ímpeto bastante pessoal. Neste elemento, a expansão costuma partir de um ponto único: o MEU desejo de que MINHA IDEIA alcance o maior número possível de pessoas. Os grupos importam aqui, mas de uma forma bem diferente: menos colaborativa e mais receptiva.
Enquanto a comunidade idealiza, pensa e trabalha junto no Três de Ouros, a comunidade do Três de Paus é inflamada, direcionada, influenciada, inspirada por algo ou alguém. Eis um ponto de partida da expansão, que pode significar a figura de um líder.
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Hora de vender o peixe 𓆝 𓆟 𓆞
Quando comecei a ilustrar o meu Tarot, em Abril de 2024, eu já sabia que seria um projeto longo e demorado. Com um ano de trabalho, tenho prontas 13 das 78 cartas que compõem o baralho. Este é um projeto totalmente independente que toco em paralelo a freelas de ilustração, feiras e vendas que faço na minha loja virtual — e são estas as atividades que me sustentam, além de algumas lojas físicas das quais participo. Sim, eu sou ilustradora em tempo integral há 9 anos. Considero viver disso quase como um ato mágico.
Uma forma de viabilizar financeiramente a criação deste Tarot é vender as prints que produzo das cartas ilustradas que venho divulgando por aqui. As prints são impressas com alta definição em papel couché matte encorpado e vendidas de forma avulsa.
Estas são algumas das que tenho disponíveis para venda:
Comprando na minha loja virtual você me ajuda a tornar este baralho de Tarot possível. Envio para todo o Brasil :)
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Na próxima news, voltarei a um Arcano Maior; quem será ele?
Um abraço!
lari.
Aprendo e aprecio muito por aqui!